Viva! Dia de sentir medo!
Crianças do Terra Boa redescobrem o prazer de contar histórias de fantasmas com a coluna Frio na Espinha
As crianças da escola municipal Nilce Terezinha Zanetti, no bairro Terra Boa, não perdem a oportunidade de sentir medo. Quando vêem a professora chegando com o Jornal União embaixo do braço, elas já se agitam: “Hoje tem histórias de fantasma?” Mal a professora responde e os meninos e meninas com até 10 anos já começam a fechar as cortinas, criando o clima ideal para passar alguns minutos em atento silêncio.
Redescobriram a diversão que é assustar e ser assustado por criaturas do além quando a responsável pela quarta série, Ivone Simioni Polli, resolveu usar a coluna Frio na Espinha, do Jornal União, para atividades em comemoração ao mês do Folclore, em agosto.
“Queria ver como seria a reação deles, pois não é comum as crianças de hoje ouvirem esses causos que fizeram parte da minha infância e da infância de tantas crianças”, conta Ivone. "Comecei a trabalhar com esses textos e me surpreendi com o interesse dos alunos que começaram também a envolver os pais e os avós para saberem mais sobre essas histórias”.
Há favoritos, como a história dos bebês não-batizados no cemitério da Jaguatiricia, e a romântica, mas assombrada, “Ela não queria voltar para casa”. Herondina Quirino, da 4a série B, ganhou um “concurso” de ilustrações sobre o Frio na Espinha inspirada no “cemitério dos anjinhos”. Para a supervisora Edicléia Muchinski, a proximidade com os bairros que são cenários para as histórias é um dos atrativos. “É mais assustador quando você sabe onde é”. Gustavo Armstrong, também da 4a B, se empolgou com a irônica “Ria, Armínio, Ria”, sobre um boa-vida que recebeu um telefonema das trevas.
Ivone conta que o assunto foi contagiando a turma. “A cada dia alguém chegava com uma história diferente sobre assombrações para contar aos colegas.” Os alunos produziram performances teatrais, desenhos e até percorriam as outras salas, recontando as aventuras assombrosas favoritas. Os pais também tomaram gosto e reviveram as lendas que lhes tiravam o sono na própria infância.”Precisamos fazer com que nossas crianças conheçam e valorizem o nosso folclore, os costumes da nossa gente, pois quando lhes damos espaço para falar, percebemos o quanto esse povo tem a nos ensinar”, aposta a professora.
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